É natural enfrentarmos perguntas,
sobretudo, nesta época do ano novo, sendo a mais frequente, dentre
outras: foste senhor do teu tempo, dando-lhe o sentido superior que ele
exige? Desperdiçaste momentos preciosos negligenciando respostas
oportunas aos desafios que marcaram teus dias?
Mais fácil é, sem dúvida,
contemporizar, respondendo que fizemos o que foi possível, e que nessa
relação entre nós e o tempo há imprevistos inelutáveis, quase sempre
mais fortes do que prevê nossa vã filosofia. Ou então, a saída pela
tangente: o homem é ele e suas circunstâncias, como dissera Ortega Y
Gasset.
Sem negar a influência dessas
evidências, o certo é que temos de prestar contas, no mínimo, à própria
consciência, tribunal sempre presente, quaisquer que sejam as
circunstâncias vivenciadas.
Sempre teremos que manter o equilíbrio
entre as exigências da responsabilidade e da racionalidade, evitando-se
os extremos que violentam o equilíbrio, que, segundo Aristóteles, é
status só alcançado pela áurea mediocridade, decorrente da somação da
genética, da ética, da lei e dos costumes.
Paul Sartre, por sua vez, na busca de
uma explicação para os contratempos da Vida, e, á guisa de uma
justificativa plausível para as dificuldades nas relações humanas, ante a
diversidade de suas exigências e ambições, prolatou a sentença: o
Inferno são os outros.
Se adotarmos essa conceituação,
ninguém invocará a inocência para si, desde que somos todos os outros,
gerando uma descrença na capacidade do homem de conviver bem com os seus
contemporâneos, sendo o mundo um permanente Inferno.
Há paradigmas que, se aplicados à
Vida, são valores impostergáveis capazes de justificar a nossa condição
superior na sociedade, determinando uma convivência solidária e ética,
em que jamais seremos lobos de nós mesmos, diferentemente do que
afirmava Thomas Hobbes.
Só assim poderemos nortear o nosso comportamento, respondendo certo ao Tempo, à Vida e a nós mesmos.
Evaldo Gonçalves é da APL e do IHGP
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